Justificativa
Para os alunos a escola é um lugar no qual eles não se sentem bem nem à vontade. Mesmo aqueles que, fora da escola, são faladores, espertos, curiosos e alegres, dentro da sala de aula vão ficando calados, passivos e tristes. A escola não tem nada que ver com sua vida de todo o dia. Dentro dela não há lugar para seus problemas e preocupações. Pouco a pouco, eles vão perdendo a motivação para continuar se esforçando, vão se sentindo realmente incapazes de aprender e vão se resignando a um fracasso que vai marcar o resto de suas vidas.
A escola precisa mudar. A escola não pode mais ser um lugar estagnado no tempo. A escola não pode ser estática nem intocável. A forma que ela assume em cada momento deve ser sempre o resultado precário e provisório de um movimento permanente de transformação, impulsionado por tensões, conflitos, esperanças e propostas alternativas. (Texto retirado do livro A vida na Escola e a escola da vida, ed. Vozes e Idac, 40ª ed. 2008).
Objetivo
Desenvolver no aluno a criticidade, levando-o a participar mais ativamente das circunstâncias que acontecem nos diversos ambientes que compõe as suas realidades, inclusive, das propostas e decisões tomadas pela escola em relação ao próprio aluno, isto é, fazê-lo protagonista de sua própria história, pois, é preciso e até urgente que a escola vá se tornando em espaço escolar acolhedor e multiplicador de certos gostos democráticos como o de ouvir os outros, não por puro favor, mas por dever, o de respeitá-los, o da tolerância, o do acatamento às decisões tomadas pela maioria a que não falte contudo o direito de quem diverge de exprimir sua contrariedade. (Paulo Freire)
Público alvo
Alunos do Ensino Fundamental II da Escola Municipal de Ensino Fundamental Antenor Nascentes.
Plano de ação
- Utilizar o espaço virtual (blogs, redes sociais, canal no youtube, entre outros) para inserção da identidade dos educandos em permanente construção.
- Formar uma representação de alunos, professores e funcionários.
- Formação de um Centro de Imprensa, com o objetivo de divulgar notícias do cotidiano, entrevistas com atores da escola e com a comunidade do entorno, enquetes através de um blog, canal no youtube, rádio escolar e redes sociais.
- Reuniões semanais para definir ações a serem tomadas no decorrer da mesma.
- Aprendendo com o cinema: ver, julgar, agir e rever. Análise crítica e reflexiva de filmes que tragam assuntos ligados ao cotidiano dos jovens.
- Interpretação de textos para reflexão do cotidiano da escola.
- Montagem e apresentação de peças teatrais produzidas através dos textos refletidos.
- Saraus poéticos e literários.
- Conferência do meio ambiente.
- Passeios com temas pertinentes aos assuntos discutidos.
- Encontros e/ou palestras na própria escola.
- Organização de gincanas, shows de talentos e outros eventos afins.
- Organização para a participação da escola em atividades interescolares, por exemplo, Deputado Mirim, concursos literários e outros.
Avaliação
Auto-avaliativa e contínua, discutida em todas as reuniões.
Registro
Livro ata, filmagem e fotografia.
Cronograma
Reuniões semanais: sexta-feira das 12:20 às 13:30
Durante o ano letivo de 2011.
quarta-feira, 30 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
Gente Humilde Chico Buarque - Cadê minha infância?
Gente Humilde
Vinicius de Moraes
Composição : Vinícius / Chico Buarque / Garoto
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece
De repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a tudo, quando eu passo
Num subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem
De algum lugar
Aí me dá uma inveja
Dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada, escrito em cima
Que é um lar
Pela varanda, flores tristes
E baldias
Como a alegria que não tem
Onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito de eu não ter
Como lutar
E eu não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Vinicius de Moraes
Composição : Vinícius / Chico Buarque / Garoto
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece
De repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a tudo, quando eu passo
Num subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem
De algum lugar
Aí me dá uma inveja
Dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada, escrito em cima
Que é um lar
Pela varanda, flores tristes
E baldias
Como a alegria que não tem
Onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito de eu não ter
Como lutar
E eu não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Boris Casoy zombando garis
publicado em 01/01/2010 às 16h49:
Foi postado nesta sexta-feira (1º) um vídeo no YouTube com cenas que seriam do Jornal da Band, em que dois garis desejavam feliz 2010 aos telespectadores.
Porém, no final é possível ouvir comentários do âncora do programa, Boris Casoy, que não percebeu que o áudio vazou. O site também atribui comentários a Joelmir Betting.
- Que m... Dois lixeiros desejando felicidades... Do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho...
Procurado pela reportagem do R7, o jornalista respondeu por meio da assessoria de imprensa da Band.
- Boris Casoy reconheceu que a frase foi infeliz e ofensiva aos garis, e hoje no Jornal da Band vai pedir desculpas.
Por volta das 19h30 desta sexta-feira (1º), o âncora pediu desculpas (assista ao vídeo aqui).
- Num vazemento de áudio eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Por isso, quero pedir profundas desculpas aos garis e aos telespectadores do Jornal da Band.
publicado em 01/01/2010 às 19h48:
O jornalista Boris Casoy pediu desculpas aos garis e ao público por conta de comentários feitos por ele durante o programa de quinta-feira (31).
- Num vazemento de áudio eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Por isso, quero pedir profundas desculpas aos garis e aos telespectadores do Jornal da Band.
O vídeo foi postado nesta sexta-feira (1º) no YouTube.com, com cenas do jornal em que dois garis desejavam feliz 2010 aos telespectadores.
Porém, no final, é possível ouvir alguns comentários de Casoy, que não percebeu que o áudio vazou.
- Que m... Dois lixeiros desejando felicidades... Do alto de suas vassouras...Dois lixeiros...O mais baixo da escala do trabalho...
Garis não aceitam acordo com Boris Casoy
publicado em 09/04/2010 às 19h55:
Cerca de 800 trabalhadores querem indenização por anos morais
Os garis que processaram a Band por causa de um comentário ofensivo do jornalista Boris Casoy não chegaram a um acordo com a emissora, em audiência realizada pela Justiça do Rio na última quarta-feira (7).
As informações são da Folha de S.Paulo, que credita ao site jurídico Última Instância.
O juiz Brenno Mascarenhas, do 4º Juizado Especial Cível do Rio, marcou uma nova audiência para o próximo dia 30, quando será lida a sentença.
Boris Casoy, que é conhecido pelo bordão “isso é uma vergonha”, sem saber que o áudio estava sendo transmitido pelo Jornal da Band, do dia 31 de dezembro de 2009, comentou:
- Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho.
São cerca de 800 garis envolvidos no processo e eles pedem indenização por danos morais pelas declarações do jornalista.
O vídeo caiu na internet algumas horas depois e foi repudiado por internautas.
- Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados. – disse Casoy em conversa com a Folha por telefone, na mesma semana. - Errei mesmo. Falei uma bobagem, falei uma frase infeliz. E vou pedir desculpas.
Procurada pelo R7 para comentar o caso, a Band diz que “não se manifesta em assuntos sub judice. Não houve interesse, por parte da emissora, em propor qualquer tipo de acordo”.
Foi postado nesta sexta-feira (1º) um vídeo no YouTube com cenas que seriam do Jornal da Band, em que dois garis desejavam feliz 2010 aos telespectadores.
Porém, no final é possível ouvir comentários do âncora do programa, Boris Casoy, que não percebeu que o áudio vazou. O site também atribui comentários a Joelmir Betting.
- Que m... Dois lixeiros desejando felicidades... Do alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho...
Procurado pela reportagem do R7, o jornalista respondeu por meio da assessoria de imprensa da Band.
- Boris Casoy reconheceu que a frase foi infeliz e ofensiva aos garis, e hoje no Jornal da Band vai pedir desculpas.
Por volta das 19h30 desta sexta-feira (1º), o âncora pediu desculpas (assista ao vídeo aqui).
- Num vazemento de áudio eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Por isso, quero pedir profundas desculpas aos garis e aos telespectadores do Jornal da Band.
publicado em 01/01/2010 às 19h48:
O jornalista Boris Casoy pediu desculpas aos garis e ao público por conta de comentários feitos por ele durante o programa de quinta-feira (31).
- Num vazemento de áudio eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Por isso, quero pedir profundas desculpas aos garis e aos telespectadores do Jornal da Band.
O vídeo foi postado nesta sexta-feira (1º) no YouTube.com, com cenas do jornal em que dois garis desejavam feliz 2010 aos telespectadores.
Porém, no final, é possível ouvir alguns comentários de Casoy, que não percebeu que o áudio vazou.
- Que m... Dois lixeiros desejando felicidades... Do alto de suas vassouras...Dois lixeiros...O mais baixo da escala do trabalho...
Garis não aceitam acordo com Boris Casoy
publicado em 09/04/2010 às 19h55:
Cerca de 800 trabalhadores querem indenização por anos morais
Os garis que processaram a Band por causa de um comentário ofensivo do jornalista Boris Casoy não chegaram a um acordo com a emissora, em audiência realizada pela Justiça do Rio na última quarta-feira (7).
As informações são da Folha de S.Paulo, que credita ao site jurídico Última Instância.
O juiz Brenno Mascarenhas, do 4º Juizado Especial Cível do Rio, marcou uma nova audiência para o próximo dia 30, quando será lida a sentença.
Boris Casoy, que é conhecido pelo bordão “isso é uma vergonha”, sem saber que o áudio estava sendo transmitido pelo Jornal da Band, do dia 31 de dezembro de 2009, comentou:
- Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho.
São cerca de 800 garis envolvidos no processo e eles pedem indenização por danos morais pelas declarações do jornalista.
O vídeo caiu na internet algumas horas depois e foi repudiado por internautas.
- Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados. – disse Casoy em conversa com a Folha por telefone, na mesma semana. - Errei mesmo. Falei uma bobagem, falei uma frase infeliz. E vou pedir desculpas.
Procurada pelo R7 para comentar o caso, a Band diz que “não se manifesta em assuntos sub judice. Não houve interesse, por parte da emissora, em propor qualquer tipo de acordo”.
quarta-feira, 23 de março de 2011
CIDADÃO
Zé Geraldo
Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
GENTE INVISÍVEL
Psicólogo investiga a vida das pessoas que, ao vestir um uniforme, ganham invisibilidade – são tratadas como se não existissem
PAULA MAGESTE
Em novembro de 1994, o então estudante do 2º ano de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Braga tornou-se invisível. 'Fiquei atordoado, não conseguia sentir o gosto da comida, perdi meu centro', lembra. Nem loucura nem ficção científica. Braga atingiu a invisibilidade ao vestir um uniforme de gari. Como parte de um estágio solicitado por uma das disciplinas que cursava, ele resolveu acompanhar, de duas a três vezes por semana, a rotina dos garis da Cidade Universitária - pegando no pesado junto com eles. Ao vestir calça, camisa e boné como seus colegas de 'varreção', esperava causar espanto, curiosidade ou até mesmo indignação em seus amigos, professores, companheiros de futebol e conhecidos da USP. No entanto, não conseguiu nem mesmo receber um bom-dia. 'Atravessei o andar térreo da Psicologia de ponta a ponta. Estava atento, buscava a expressão de surpresa em alguém. Mas nada acontecia', conta. 'Deixei de esperar perguntas intrigadas, mas ainda seria capaz de responder a algum cumprimento. Nada.' Os professores com quem havia conversado pela manhã passaram por ele e nem perceberam sua presença. Não é que tenha sido ignorado, menosprezado, rejeitado. Pior: nem foi visto. Era como não estar lá; como 'não ser'.
O mal-estar experimentado por Braga jamais o abandonou. Ele passou os nove anos seguintes trabalhando com os garis da USP e transformou em tese de mestrado o indigesto tema da 'invisibilidade pública' - o desaparecimento de um homem no meio de outros homens. Concluída em 2002, a tese agora vira livro lançado pela editora Globo.
Ironicamente, o psicólogo ganhou visibilidade falando da invisibilidade, que, segundo ele, está relacionada à divisão social do trabalho e afeta até mesmo quem não é totalmente excluído economicamente. Ela seria uma espécie de cegueira psicossocial, que elimina do campo de visão da maioria da população aqueles que são condenados a exercer uma atividade subalterna, desqualificada, desumanizante e degradante o dia inteiro, às vezes uma vida inteira. É uma situação diferente da contada pelo escritor americano Ralph Ellison, que nos anos 50 lançou seu romance O Homem Invisível. Ellison, negro, contava a história de um descendente de escravos que ao percorrer os Estados Unidos descobriu apenas que, por ser negro, era ignorado - segundo ele, algo muito pior que ser confrontado ou desprezado. Braga mostra que, independentemente do preconceito racial, o preconceito social também é tão incrível que leva a simplesmente apagar pessoas do campo de visão. 'Nem na Suécia uma criança é incentivada pelos pais a ser gari, faxineiro ou coveiro', provoca. 'Não tem a ver com salário, mas com a simbologia.'
Todo o mundo se sente invisível em algum momento da vida - numa festa de gente de outra tribo, no emprego novo em que não se conhece ninguém. Mas essas são outras invisibilidades, circunstanciais, e portanto passageiras, reversíveis. O estudo de Braga é sobre uma invisibilidade tão automatizada na sociedade que muitas vezes nem mesmo o ser invisível se dá conta de sua degradante situação. 'Se ele percebe, carece de armas para o combate. Depois de ser ignorado a vida inteira ou, no máximo, maltratado, ninguém anda de cabeça erguida.'
De fato, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa cidade só é notado quando falta ao serviço. O ascensorista é tratado como uma máquina que funciona por comando de voz, sem direito a 'por favor' nem 'obrigado'. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a família e deixa a casa organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se está com algum problema. Os únicos cidadãos que vestem uniforme para servir aos outros e ganham visibilidade e reconhecimento são os que estão em situação de poder sobre o interlocutor - médicos, enfermeiros, policiais. 'Algumas profissões estão num nível de rebaixamento absoluto', reforça Braga. 'As pessoas estão habituadas a passar pelos garis como quem passa por objetos', assinala.
Nilce de Paula, mineiro de 61 anos, confirma. Desde que chegou a São Paulo, aos 18 anos, trabalhou em bar, restaurante, fez salgadinhos para vender, foi ascensorista - de terno e gravata, orgulha-se - e carregou contêineres de veneno. Já tinha experimentado o preconceito racial, mas a indiferença mesmo só conheceu quando virou gari. 'Às vezes estou trabalhando na avenida e passa uma pessoa. Mesmo que ela não me cumprimente, eu cumprimento, porque um bom-dia não custa nada', afirma. 'O pior é quando os carros quase passam por cima da gente, sem nem tentar desviar. A gente tem de trabalhar de frente para a avenida e se cuidar.'
A invisibilidade pública vem sempre na companhia da humilhação social, o sofrimento pelo rebaixamento político, social e psicológico experimentado continuamente por cidadãos de classes D e E. O conceito é recente e foi cunhado por José Moura Gonçalves Filho, orientador de Braga. Afeta o raciocínio, a visão e o afeto de quem é discriminado. 'O invisível não tem voz, seu discurso não é levado em conta, sua opinião sobre o mundo não importa. Ele aparece apenas como ferramenta', diz o psicólogo. Funcionária de uma empresa terceirizada de limpeza, a baiana Sônia Aragão, de 34 anos, veio para São Paulo em 1996, depois de ter passado pela lavoura, por restaurantes e casas de família. Ter de usar uniforme foi um choque: 'Tem gente que passa reto e faz de conta que não me vê. Eu mesma me sinto estranha com esta roupa, porque parece que não sou eu. Quando não estou de uniforme, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo', diz.
Otávio Dias de Oliveira/ÉPOCA
'Eu me sinto feia de uniforme. Quando estou de roupa, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo'
SÔNIA ARAGÃO,
34 anos, funcionária de firma de limpeza 'Eu cumprimento mesmo que a pessoa não me olhe. Deve ser alguma revolta. Um bom-dia não custa nada'
NILCE DE PAULA,
61 anos, gari
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT764232-1664,00.html
PAULA MAGESTE
Em novembro de 1994, o então estudante do 2º ano de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Braga tornou-se invisível. 'Fiquei atordoado, não conseguia sentir o gosto da comida, perdi meu centro', lembra. Nem loucura nem ficção científica. Braga atingiu a invisibilidade ao vestir um uniforme de gari. Como parte de um estágio solicitado por uma das disciplinas que cursava, ele resolveu acompanhar, de duas a três vezes por semana, a rotina dos garis da Cidade Universitária - pegando no pesado junto com eles. Ao vestir calça, camisa e boné como seus colegas de 'varreção', esperava causar espanto, curiosidade ou até mesmo indignação em seus amigos, professores, companheiros de futebol e conhecidos da USP. No entanto, não conseguiu nem mesmo receber um bom-dia. 'Atravessei o andar térreo da Psicologia de ponta a ponta. Estava atento, buscava a expressão de surpresa em alguém. Mas nada acontecia', conta. 'Deixei de esperar perguntas intrigadas, mas ainda seria capaz de responder a algum cumprimento. Nada.' Os professores com quem havia conversado pela manhã passaram por ele e nem perceberam sua presença. Não é que tenha sido ignorado, menosprezado, rejeitado. Pior: nem foi visto. Era como não estar lá; como 'não ser'.
O mal-estar experimentado por Braga jamais o abandonou. Ele passou os nove anos seguintes trabalhando com os garis da USP e transformou em tese de mestrado o indigesto tema da 'invisibilidade pública' - o desaparecimento de um homem no meio de outros homens. Concluída em 2002, a tese agora vira livro lançado pela editora Globo.
Ironicamente, o psicólogo ganhou visibilidade falando da invisibilidade, que, segundo ele, está relacionada à divisão social do trabalho e afeta até mesmo quem não é totalmente excluído economicamente. Ela seria uma espécie de cegueira psicossocial, que elimina do campo de visão da maioria da população aqueles que são condenados a exercer uma atividade subalterna, desqualificada, desumanizante e degradante o dia inteiro, às vezes uma vida inteira. É uma situação diferente da contada pelo escritor americano Ralph Ellison, que nos anos 50 lançou seu romance O Homem Invisível. Ellison, negro, contava a história de um descendente de escravos que ao percorrer os Estados Unidos descobriu apenas que, por ser negro, era ignorado - segundo ele, algo muito pior que ser confrontado ou desprezado. Braga mostra que, independentemente do preconceito racial, o preconceito social também é tão incrível que leva a simplesmente apagar pessoas do campo de visão. 'Nem na Suécia uma criança é incentivada pelos pais a ser gari, faxineiro ou coveiro', provoca. 'Não tem a ver com salário, mas com a simbologia.'
Todo o mundo se sente invisível em algum momento da vida - numa festa de gente de outra tribo, no emprego novo em que não se conhece ninguém. Mas essas são outras invisibilidades, circunstanciais, e portanto passageiras, reversíveis. O estudo de Braga é sobre uma invisibilidade tão automatizada na sociedade que muitas vezes nem mesmo o ser invisível se dá conta de sua degradante situação. 'Se ele percebe, carece de armas para o combate. Depois de ser ignorado a vida inteira ou, no máximo, maltratado, ninguém anda de cabeça erguida.'
De fato, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa cidade só é notado quando falta ao serviço. O ascensorista é tratado como uma máquina que funciona por comando de voz, sem direito a 'por favor' nem 'obrigado'. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a família e deixa a casa organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se está com algum problema. Os únicos cidadãos que vestem uniforme para servir aos outros e ganham visibilidade e reconhecimento são os que estão em situação de poder sobre o interlocutor - médicos, enfermeiros, policiais. 'Algumas profissões estão num nível de rebaixamento absoluto', reforça Braga. 'As pessoas estão habituadas a passar pelos garis como quem passa por objetos', assinala.
Nilce de Paula, mineiro de 61 anos, confirma. Desde que chegou a São Paulo, aos 18 anos, trabalhou em bar, restaurante, fez salgadinhos para vender, foi ascensorista - de terno e gravata, orgulha-se - e carregou contêineres de veneno. Já tinha experimentado o preconceito racial, mas a indiferença mesmo só conheceu quando virou gari. 'Às vezes estou trabalhando na avenida e passa uma pessoa. Mesmo que ela não me cumprimente, eu cumprimento, porque um bom-dia não custa nada', afirma. 'O pior é quando os carros quase passam por cima da gente, sem nem tentar desviar. A gente tem de trabalhar de frente para a avenida e se cuidar.'
A invisibilidade pública vem sempre na companhia da humilhação social, o sofrimento pelo rebaixamento político, social e psicológico experimentado continuamente por cidadãos de classes D e E. O conceito é recente e foi cunhado por José Moura Gonçalves Filho, orientador de Braga. Afeta o raciocínio, a visão e o afeto de quem é discriminado. 'O invisível não tem voz, seu discurso não é levado em conta, sua opinião sobre o mundo não importa. Ele aparece apenas como ferramenta', diz o psicólogo. Funcionária de uma empresa terceirizada de limpeza, a baiana Sônia Aragão, de 34 anos, veio para São Paulo em 1996, depois de ter passado pela lavoura, por restaurantes e casas de família. Ter de usar uniforme foi um choque: 'Tem gente que passa reto e faz de conta que não me vê. Eu mesma me sinto estranha com esta roupa, porque parece que não sou eu. Quando não estou de uniforme, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo', diz.
Otávio Dias de Oliveira/ÉPOCA
'Eu me sinto feia de uniforme. Quando estou de roupa, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo'
SÔNIA ARAGÃO,
34 anos, funcionária de firma de limpeza 'Eu cumprimento mesmo que a pessoa não me olhe. Deve ser alguma revolta. Um bom-dia não custa nada'
NILCE DE PAULA,
61 anos, gari
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT764232-1664,00.html
quarta-feira, 9 de março de 2011
Sarau da Ademar
Sarau da Mulher "M"
Dia 13/03
A partir das 17hs
Local: Bar do Rui - R Prof. Felicio Cintra do Prado, 134 - Cidade Ademar
Em frente Escola Adventista
Sarau da Ademar - MULHERES
As Mulheres do Sarau da Ademar convida a todas e todos!!!
poesia, musica, amizade e luta!!!
Musica: Camila Brasil e Banda
Lançamento: Fanzine UM POR TODOS- Sarau dos Mesquiteiros
Inserção: Juliana Queiroz dos Santos
A LUTA CONTRA O MACHISMO NÃO É SÓ DAS MULHERES!
Dia 13/03
A partir das 17hs
Local: Bar do Rui - R Prof. Felicio Cintra do Prado, 134 - Cidade Ademar
Em frente Escola Adventista
Sarau da Ademar - MULHERES
As Mulheres do Sarau da Ademar convida a todas e todos!!!
poesia, musica, amizade e luta!!!
Musica: Camila Brasil e Banda
Lançamento: Fanzine UM POR TODOS- Sarau dos Mesquiteiros
Inserção: Juliana Queiroz dos Santos
A LUTA CONTRA O MACHISMO NÃO É SÓ DAS MULHERES!
sexta-feira, 4 de março de 2011
Cooperifa
"O Sarau da Cooperifa é quando a poesia desce do pedestal e beija os pés da comunidade."
Sergio Vaz
AJOELHAÇO DA COOPERIFA ACONTECE NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Na semana do dia internacional das mulheres, os poetas e todos os homens presentes no SARAU DA COOPERIFA vão à frente e pedem perdão às mulheres por todas as injustiças, atrocidades e crimes cometidos ao longo da humanidade, só que, de joelhos. Sim, de joelhos. Uma das noite mais lindas da periferia de São Paulo.
AJOELHAÇO DA COOPERIFA
Dia 9 de março quarta-feira de cinzas a partir das 20hs45
Bar do Zé Batidão Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Jd. Guarujá Periferia - SP
Inf. 011. 72074748
Sergio Vaz
AJOELHAÇO DA COOPERIFA ACONTECE NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Na semana do dia internacional das mulheres, os poetas e todos os homens presentes no SARAU DA COOPERIFA vão à frente e pedem perdão às mulheres por todas as injustiças, atrocidades e crimes cometidos ao longo da humanidade, só que, de joelhos. Sim, de joelhos. Uma das noite mais lindas da periferia de São Paulo.
AJOELHAÇO DA COOPERIFA
Dia 9 de março quarta-feira de cinzas a partir das 20hs45
Bar do Zé Batidão Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Jd. Guarujá Periferia - SP
Inf. 011. 72074748
quarta-feira, 2 de março de 2011
A Escola - Paulo Freire
Escola é
... o lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é sobretudo, gente
Gente que trabalha, que estuda
Que alegra, se conhece, se estima.
O Diretor é gente,
O coordenador é gente,
O professor é gente,
O aluno é gente,
Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um se comporte
Como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”
nada de conviver com as pessoas e depois,
Descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo que forma a parede,Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil!Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz.
É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.
(Paulo Freire)
http://www.youtube.com/watch?v=A0T9xOAcDMw&feature=related
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